Há um falso conceito em nosso meio que diz que "aquilo é público pois é de graça". Isso tem uma conotação maior quando se refere especificamente ao ensino universitário público. Muitos estudantes creem piamente que se não está saindo dinheiro todo mês de seus bolsos ou dos bolsos de seus pais para custearem o curso universitário, então é por que o curso está sendo de graça. O dito aluno por um lado está certo, no que diz respeito a, por não pagar diretamente, achar que o curso está sendo gratuito - esse é o lado da fantasia. Mas, por outro lado - que é o lado da realidade - ele não percebe que qualquer universidade pública é custeada pelo dinheiro dos pagadores de impostos, o que nesse caso inclui os pais do aluno ou o próprio aluno (caso trabalhe).
Em suma, nem sempre o que é tachado como público, é de graça. Como Milton Friedman dizia: " Não existe almoço grátis" (nem todo mundo faz filantropia ou dá caridade). E quando o assunto é educação pública, torna-se um ledo engano achar que não se está pagando nada, pois visualiza-se apenas o tipo de pagamento direto, e não os indiretos - taxas, impostos de todos os tipos e qualquer outro tributo que venha com a palavra eufêmica chamada contribuição.
Talvez por isso o nobre estudante pense que pode passar o tempo que for preciso na universidade para se formar, já que ele não está pagando diretamente o curso.
O estudante mal sabe que o gasto que sai dos cofres do governo para custear sua faculdade pública é quase 90% (noventa por cento) mais do que é gasto com um aluno de faculdade particular que utiliza Fies.
Tal visão medíocre do que é público transforma o estudante em uma presa fácil para propagandas políticas populistas. Aquelas do tipo "diga não à reforma trabalhista", "vamos garantir o acesso de alunos a mais universidades públicas", "diga sim às cotas" e por aí vai. Propagandas que são feitas justamente para quem não pesquisa sobre os fatos, mas que apenas aceita de bom grado, devido à propaganda ser como uma coceira nos ouvidos dos desavisados.
Cada vez que alguém confunde a esfera do que é público, a tendência é se criar mais indivíduos - até mesmo aqueles vergonhosamente graduados - que reivindicam todo tipo de privilégio, com capa de ser direito, para saciar os seus desejos mais ignóbeis e desproporcionais. Assim como sai desse mesmo grupo aqueles que, para qualquer ameaça que sintam na sua profissão, exigem uma lei para impedir a concorrência e a competição sadia.
No fundo, o estudante que pensa ter o seu curso de forma gratuita mostra-se um inútil para o desenvolvimento do seu próprio país, ainda mais por ele mesmo se enquadrar como um aspirante a defensor de mais intervencionismo estatal e de todo tipo de política pública que insira uma dependência maior do Estado nos aspectos da vida civil.
A dica para alguém que pensa assim é: ser menos arrogante e prepotente em relação ao conhecimento que possui; procurar estudar as falácias econômicas sobre educação; estar aberto a rever seus próprios conceitos, principalmente quando eles se mostrarem totalmente absurdos quando confrontados com a realidade; e parar de propagar aos quatros cantos que o serviço A ou B é de graça.
O abandono da ignorância acadêmica começa pelo apego à instrução da realidade. Fora isso, o estudante será mais um na multidão de tantos tolos.
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