sábado, 22 de setembro de 2018

O capitalismo é melhor, doa a quem doer

Se tem um sistema econômico mais vilipendiado e, ao mesmo tempo, menos compreendido na atualidade, esse é o capitalismo. E aqui falo especificamente do capitalismo tendo o livre mercado como o seu aspecto mais comum e responsável por ser a mola propulsora da economia de vários países que se destacam na atração de investimentos estrangeiros, expansão do mercado de trabalho e, consequentemente, desenvolvimento econômico (que abrange tanto o crescimento econômico como o melhoramento da educação, saúde e o campo social). Você pode conferir quais são esses países, e qual a situação do Brasil, por meio do índice de  liberdade econômica, divulgado todos os anos pelo Heritage Foundation e que o jornal Gazeta  do Povo tem parceria: https://especiais.gazetadopovo.com.br/economia/ranking-de-liberdade-economica-2018/.

Mas voltando ao tema do início do texto, o capitalismo se tornou o grande vilão para muitas pessoas, ainda que elas não entendam o que ele de fato significa. Trocando em miúdos, o sistema capitalista está voltado para o lucro, em que cada pessoa trabalha para ser remunerada, ou preside uma empresa esperando que ela se torne lucrativa cada vez mais, ou faz investimentos aguardando um retorno maior do que o valor que foi investido. Esse conceito pode ser um pouco simplista, no entanto, é mais fácil compreender quando dizemos que o capitalista se interessa pelo crescimento de sua renda individual. E talvez seja esse conceito que faz com que as pessoas que não entendam o capitalismo, o tratem como algo prejudicial à sociedade e, por isso, se recusam a aceitá-lo como sistema.

O problema, como tão bem Ludwig von Mises pontuou, é que se você não aceita o capitalismo, só lhe resta o socialismo como opção, e não há uma terceira via. O socialismo é um sistema não apenas econômico, mas principalmente de poder. O Estado passa a ter o controle de fato sobre a economia, não há trocas voluntárias - que é o que move o livre mercado -, chegando ao ponto de não haver mais propriedade privada, já que o Estado passa a ser o seu detentor. Em suma, a busca pela igualdade econômica de renda no socialismo fará com que todos se tornem mais pobres e miseráveis, enquanto bancam o luxo daqueles que estão no poder - como no livro Revolução dos Bichos, de George Orwell: "Todos os animais são iguais, mas há alguns animais que são mais iguais do que outros."

No capitalismo, é óbvio que há um interesse particular por trás de toda venda ou comércio, afinal, o vendedor está mais interessado em possuir o dinheiro do cliente do que o produto que lhe vende. Assim como há um interesse maior do comprador em ter o produto do que o dinheiro que ele utiliza para adquiri-lo. É essa troca sadia que faz com que todos saiam ganhando no capitalismo. Alguns podem dizer que o capitalismo traz uma consequência um pouco danosa para as relações sociais, que é o consumismo. E de fato, isso pode acarretar sim. Mas serve para provar que não há sistemas nem sociedades perfeitas; busca-se apenas os melhores sistemas para se conviver. E ainda assim o capitalismo se faz superior ao socialismo.

No livre mercado, há uma vontade por parte do empresário em fazer com que as vendas de seu produto/serviço cresçam sem perder a qualidade. O empresário que se preocupa apenas no lucro sem dar a devida atenção à qualidade do que é ofertado, estará assinando sua declaração de falência, haja vista que o consumidor irá procurar outros ofertantes para adquirir o que ele deseja, com a qualidade que ele exige. É por isso que no livre mercado, o verdadeiro patrão é o consumidor. É ele quem diz ao vendedor ou empresário se esse negócio irá continuar dando frutos ou fechará as portas. A concorrência sadia é uma consequência do capitalismo, pois é ela quem possibilita ao consumidor escolher de forma tranquila e sem pressão qual o melhor lugar onde adquirir o que deseja. A mensagem que o consumidor passa ao dono do negócio é que se ele está comprando é por que a empresa correspondeu às suas expectativas. Com base nisso, o empresário se posiciona para agradar ainda mais o cliente e melhorar ainda mais a sua oferta. 

No Brasil, temos poucos lampejos de liberdade de escolha e comércio, o que o faz estar longe do ideal para ser chamado de país com economia de mercado ou país capitalista. O que temos no Brasil é o corporativismo, que muitos chamam também de "capitalismo de laços", onde o Estado detém o controle do câmbio e das barreiras econômicas ao investimento, tendo como um possível financiador de desenvolvimento agregado o BNDES e os bancos que fazem financiamento de crédito (sejam eles imobiliários ou comerciais), conquanto apenas aqueles que possuem a influência política suficiente é que poderão se tornar os "campeões nacionais" do mercado. As agências reguladoras no Brasil também são um grande entrave para a liberdade em se abrir ou manter empresas. Tais agências acabam beneficiando mais os dinossauros, que já estavam na ativa quando o órgão foi criado, do que de facto fiscalizar todas com isonomia. A burocracia vem no mesmo pacote com a criação da agência. Reiterando, o Brasil está debaixo de um corporativismo e não de um livre mercado.

Isso confundia até mesmo a minha sogra, professora de matemática. Ela cria piamente que vivemos num capitalismo, mesmo sem nunca ter lido nada sobre o que é esse sistema. Da mesma forma, pensam assim boa parte da população, principalmente a população que vive do assistencialismo governamental e que se agarra no paternalismo político. Muitas dessas pessoas são doutrinadas por políticos e partidos de esquerda a não confiar no empresário ou no empregador, pois (dizem eles) esses só estão interessados em sugar o empregado e possuir ainda mais lucro. Como já expressei no início do texto, o capitalista sempre estará interessado no crescimento de sua renda pessoal, porém isso não quer dizer que as pessoas que trabalham para ele serão sugadas até a alma. Pelo contrário, o empregado que não apenas desempenha seu trabalho de forma honesta e digna, que não se acomoda com o status quo da sua profissão e sua educação, mas que procura se especializar para quem sabe um dia chegar a um posto mais alto na empresa ou abrir seu próprio negócio, estará sabendo como utilizar o capitalismo em benefício próprio também. O capitalismo não é um jogo de soma-zero, onde somente um lado ganha. 

Por incrível que pareça, quem mais gosta de marginalizar o capitalismo são os que mais fazem uso dele, seja para viajar a países capitalistas, seja para comprar produtos desenvolvidos por países capitalistas, seja para desfrutar do carro que o papai ou a mamãe comprou para ele ir à faculdade. Como diria Mises, em seu livro A mentalidade anticapitalista: "O anticapitalismo só se mantém em evidência por viver às custas do capitalismo." E enquanto o Brasil não der lugar ao livre mercado, estaremos refém de uma mentalidade atrasada, intervencionista e corrupta.


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