A lei da demanda e da oferta é essencial para compreender como se comporta a oscilação dos preços de produtos e serviços. Insistir que o Estado seja o agente controlador de preços é redundar nos mesmos erros históricos da Rússia estalinista, dos Estados Unidos em seus controles de preços de aluguéis de imóveis, e no Brasil em fins dos anos 80 no congelamento de preços de mercadorias na era Sarney. Entregar tal função a um planejamento central governamental, achando que ele é a solução para os problemas econômicos, é como estancar o rombo no casco do navio com explosivos em vez de betume.
Se um produto está escasso e a procura aumenta, é justo e moral ao vendedor aumentar o valor de venda a fim de contrabalançar com a sua demanda, enquanto que ao cliente é dado o benefício da escolha entre pagar o que se oferece ou não. Caso não haja compradores, o vendedor deverá agir com lógica diminuindo o valor ofertado até uma margem em que seja razoável para o consumidor pagar para tê-lo. Se o Estado entra como um agente que estipula o preço “justo” a se pagar, estará contribuindo para dois possíveis cenários caóticos da economia: excedentes e escassez.
As pessoas compram e vendem, pois os preços são o reflexo do valor que damos às coisas. Você só compra o vestido ou o carro novo por necessitar tal produto ou por querer esbanjar. E o vendedor só lhe vende, pois ele está necessitando do dinheiro para obter seu lucro. O verdadeiro comércio é feito de atos voluntários por pessoas que valoram o que necessitam. Quem melhor regula a demanda e a oferta é o próprio mercado na figura de seus agentes, os consumidores, mas parece que o Estado não permite que aprendamos a negociar por conta própria. O controle de preços não se mostrou viável em nenhum lugar onde foi implementado. Na Venezuela, foi feito semelhante com o barril de petróleo até estourar no que é visto hoje. Esse é o começo para as recessões econômicas. Na cabeça dos líderes estatistas, liberdade é um conceito que não se aplica aos governados.
Muitas pessoas acreditam que vivemos no Brasil debaixo de um sistema capitalista, em seu sentido puro (ainda que elas mesmas não saibam o que seria isso) e, por causa desse equívoco, o capitalismo acaba se tornando o patinho feio da história. É importante salientar que o capitalismo a que me refiro é aquele derivado do livre mercado, como tão bem pontuado pelos liberais clássicos, dentre eles Adam Smith. O que temos no Brasil é uma deformação, um engodo, uma falácia – algo denominado de corporativismo, também comumente conhecido como “capitalismo de laços”.
O livre mercado, pelo contrário, possibilita que cada indivíduo realize trocas voluntárias e favoráveis a cada um que está interessado em adquirir produtos e/ou serviços. No corporativismo há um conluio entre empresas e o Estado, e essas empresas, ao quererem manter o monopólio daquele determinado setor, recorrem ao Estado, na forma de suas agências reguladoras ou políticos com certa influência para legislar em benefício tanto próprio quanto do empresário interessado. O resultado é que nessa transação oculta, o consumidor sai como o maior prejudicado, haja vista que sua liberdade de escolha é descartada.
Exemplos disso podemos ver no caso recente do Uber, em que sindicatos de taxistas agindo com interesse exclusivo de monopólio agiram politicamente para que o aplicativo, se não fosse terminantemente proibido no país, fosse “regularizado”. O problema é que essa regularização não é visando o benefício do consumidor. Tal argumento é usado como cortina de fumaça. O interesse real é que aqueles há mais tempo no mercado – no caso, os taxistas – não tenham seus negócios “ameaçados” pela inovação. Em vez de melhorarem seus próprios serviços, eles optam por manter a defasagem e o atraso, obrigando a população a conviver com a obsolescência e o comodismo dos motoristas. Há uma demanda por melhores serviços, mas o atendimento a ela esbarra no corporativismo de tais empresas e no gigantismo estatal por mais protecionismo e leis que impeçam a livre concorrência.
De um modo direto, enquanto o Estado não diminuir suas atividades na economia, continuaremos reféns em nossa própria casa.